A energia da multipotencialidade: Energisa e MIT Technology Review inauguram série sobre transição energética e futuro sustentável
Publicada em: 17/06/2025
A série Energy Tech começa com reflexões do CEO da Energisa, Ricardo Botelho, sobre os caminhos e desafios da transformação energética no mundo.
Ao longo do ano, o Juntos vai apresentar uma série especial de reportagens inspiradas em artigos fruto da parceria entre o Grupo Energisa e a MIT Technology Review, publicação do Massachusetts Institute of Technology (MIT) com 125 anos de tradição e reputação na criação de análises que trazem um novo olhar para a tecnologia e seus impactos sociais, políticos e econômicos. Para o trabalho desenvolvido com o MIT, foram ouvidos os principais executivos da companhia em uma pesquisa qualitativa com o intuito de definir o posicionamento da Energisa como uma Energy Tech.
Assim como faz há 120 anos, o Grupo vai pautar discussões que promovam a inovação e o desenvolvimento do setor de energia e do país a partir de uma premissa: somos flexíveis e multipotenciais, preparados para atuar em diferentes frentes energéticas, se adaptando às mudanças e agregando soluções sem perder a identidade. Na série de conteúdos, que também trarão a visão de especialistas dos MIT, serão abordados temas como transição energética adequada à realidade brasileira, democratização do acesso à energia, inovação e tecnologia aplicadas ao setor e entre outros.
Abrindo a série, o primeiro artigo tem o CEO do Grupo Energisa, Ricardo Botelho, como fonte, além de Daniel Yergin, um dos analistas de energia mais influentes do mundo. O texto propõe uma análise realista sobre o cenário atual da transição energética e os caminhos para torná-la viável.
Adição energética e a ilusão da substituição total
Para Ricardo Botelho, o termo “transição” muitas vezes transmite uma ideia simplificada demais. Em vez de uma troca direta entre fontes fósseis e renováveis, o que de fato ocorre no mundo é uma adição energética. Novas fontes como solar, eólica e biomassa vêm sendo incorporadas à matriz, mas sem eliminar, de forma significativa, o uso de petróleo, carvão e gás.
Essa combinação cria um mosaico energético diverso, mas também revela o tamanho do desafio. Historicamente, mudanças estruturais na matriz energética levaram mais de um século para se consolidar. A expectativa de realizar isso em apenas 25 anos é, segundo ele, excessivamente otimista.
Mesmo com o crescimento expressivo das fontes renováveis, que avançaram 6% em 2023, segundo dados da Agência Internacional de Energia, a matriz global continua fortemente apoiada em combustíveis fósseis. E a transição, embora necessária, exige muito mais do que novas tecnologias.
O custo e os riscos da transição
Além das barreiras técnicas, o artigo destaca desafios econômicos, sociais e geopolíticos que complicam o processo. Para viabilizar a transformação energética, será necessário um investimento global da ordem de 6 a 8 trilhões de dólares por ano, o equivalente a 5% do PIB mundial. Esse montante é necessário não só para ampliar a infraestrutura de geração limpa, mas também para modernizar redes, criar novos modelos de negócios e adaptar sistemas de transporte e indústria.
Há ainda a questão dos minerais críticos, como lítio, cobalto e cobre, indispensáveis na produção de baterias e painéis solares. Hoje, a cadeia de suprimentos desses materiais está concentrada em poucos países, o que representa um risco geopolítico e logístico. A escassez ou o controle estratégico desses insumos pode comprometer a segurança energética de diversas nações.
O Brasil no centro da transformação
Diante de tantos desafios, o Brasil aparece no artigo como uma das nações com melhor posição estratégica para liderar a nova era energética. Hoje, cerca de 50% da matriz elétrica brasileira já é composta por fontes renováveis, graças ao protagonismo de usinas hidrelétricas, ao avanço da geração solar distribuída, que já ultrapassa 42 GW, e ao crescimento da energia eólica, especialmente no Nordeste, que concentra 85% da capacidade instalada.
Além disso, o país é referência em biocombustíveis como o etanol e o SAF, combustível sustentável de aviação, e possui uma cadeia consolidada de produção de biomassa. Esses fatores contribuem para fortalecer a segurança energética e impulsionar modelos circulares de desenvolvimento.
Outro diferencial está no petróleo e gás. A produção brasileira em águas profundas é considerada uma das mais eficientes do mundo, com alta produtividade e baixo custo.
Oportunidade e responsabilidade
Apesar da vantagem competitiva, Ricardo alerta para entraves que ainda limitam o avanço brasileiro. Um dos principais é o modelo tarifário, marcado por subsídios e encargos que encarecem a energia elétrica. Para ele, é urgente uma revisão profunda nesse sistema para que o país consiga consolidar sua liderança como fornecedor de energia limpa, acessível e segura.
O artigo convida à reflexão sobre o papel do Brasil num momento em que o mundo busca soluções para a emergência climática e a segurança energética. E mostra que, embora a tecnologia seja um fator-chave, será necessário um esforço conjunto entre governos, setor privado e sociedade para enfrentar as complexidades da transição.
Leia o artigo completo
O artigo completo está disponível no portal do MIT. A leitura é recomendada para quem busca compreender com mais profundidade os dilemas da energia no século XXI e o papel que o Brasil pode ocupar nesse cenário.